11 de outubro de 2007

Divagando...

Algumas divagações dadaístas

Por
Guilherme Veríssimo

Estas últimas semanas tem sido incrivelmente cheias de divagações. Blips aqui e acolá. Mas o mais interessante são as recorrências de certos paradigmas. Não tinha me tocado para o fato de que muitos dos solilóquios se repetiam em sujeitos diferentes...

Cada parcela de informação colhida nestes mesmos "aquis" e "acolás" se juntaram num estalar de dedos... num piscar de olhos, que liam algumas palavras dissolvidamente infantis, de um sujeito que sem conhecer meus aleatórios interlocutores, alinhavava cada excerto de conversas que também lhe eram alheias, como se estivesse registrando a maneira de um big brother um cotidiano distante, porém intimamente conhecido.

Será que a humanidade chegou ao ponto de viver padrões tão delimitados que as experiências, ainda que únicas, são as mesmas?

Fico intrigado com tal pergunta, que para escrever algumas poucas linhas, o tempo se faz demasiado extenso... Obviamente se deve uma parte ao entrecruzar de pequenas msgs de amigos virtuais, mas principalmente a amplitude da envergadura de tal questionamento. Metafísica pueril???? Ou realidade controlada??? Que padrões são esses que seguimos tão rigidamente que nos fazem iguais uns aos outros?

Faltam respostas... e também as perguntas!!! Pois estamos cegos sobre o caminho que percorremos. Trilhamos o nosso destino??? ou apenas seguimos numa esteira de produção em massa, onde nos rotulam, nos empacotam, nos vendem, nos compram... se tivermos sorte nos guardam, do contrário, se nos reciclam já estamos no lucro.

Ninguém vive aquilo que gosta ou almeja. Ninguém está satisfeito com o que possui. Ninguém tem consciência de que foram lavados os seus cérebros, que lhes foi instalado um bug que os incita a ver somente aquilo que lhes é o mais cotidianamente (ir)relevante e a preocupar-se futilmente consigo mesmo, deixando de lado a possibilidade de avançar para aqueles gananciosos demais para viver por baixo, ou para aqueles narcisistas o suficiente para gozar diante um periódico que estampa garrafalmente o seu próprio êxito.

Esse amigo me pôs para pensar nessa questão da vida cíclica, afinal nada se cria nada se perde... tudo se PROGRAMA... Estamos dentro de uma máquina magnífica, cheia de cores, de objetos e opções infinitas (para aqueles que podem, é claro); que tem seus recursos extremamente efetivos para o nosso condicionamento: o nosso comportamento é resultado dos testes dos mecanismos de persuasão desta máquina, através dos quais, a cada dia, nos tornamos menos cientes das nossas próprias escolhas, próprias necessidades.

Paramos para pensar no que estamos vivendo? Ou no que estamos comprando, usando, manuseando... Reproduzindo??? Somos reflexos de nós mesmos, e se nos olhamos em uma rua qualquer não nos queremos. Aquilo que sou deixou de ser aquilo que quero.

Parece absurdo, mas não queremos nem a nós mesmos! O que há de errado comigo para que eu não cumpra os requisitos que quero em alguém...
Pensamos isso diariamente, e não percebemos.

Estamos insatisfeitos, cansados, deprimidos. Não sabemos mais pensar por nós mesmos, nem queremos seguir com padrões fixos pois num meio tão fracionado, cheios de uma heterogeneidade cada dia mais homogênea, somos nós e somos o(s) outro(s). Isso dificulta as coisas.

Temos medo do futuro, da evolução, das máquinas, da manipulação do poder, da perda da nossa identidade, da falta de alguém para amar. E por isso, estagnamos. Não nos movemos frente nossos medos, deixamos que aquilo que tememos, meramente por desconhecer seu funcionamento, seja nosso limite, e nos tornamos apenas uma massa indissoluta de vazios joões-ninguém, incapazes de prosseguir quando nos deparamos com uma pedra no meio do caminho.
Postado por Gui Veríssimo às 00:40 |  
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